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Kizomba – Encontros de Resistência

publicado: 27/11/2025 13h37, última modificação: 27/11/2025 13h37
Orquestra Sinfônica da UFPB e Pequena Orquestra Popular realizam concerto em celebração ao Dia da Consciência Negra

Kizomba – Encontros de Resistência

A Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB) e a Pequena Orquestra Popular (POP) se unem, nesta sexta-feira (28), para realizar o concerto “Kizomba – Encontros de Resistência”, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. O evento acontece às 20h, no Teatro Paulo Pontes, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, com entrada gratuita e acesso por ordem de chegada até o limite da capacidade do teatro, que é de 660 lugares.

Além de gratuito, o concerto terá caráter solidário. O público está sendo convidado a doar 1 kg de alimento não perecível, que será destinado às comunidades quilombolas de Ipiranga e Gurugi. As senhas serão distribuídas na bilheteria a partir das 19h e o acesso ao teatro será liberado às 19h30. A organização recomenda que os interessados cheguem com antecedência para garantir lugar.

O espetáculo marca uma parceria inédita entre a OSUFPB e a POP, ambas vinculadas à Universidade Federal da Paraíba e compostas por músicos profissionais e estudantes do curso de Música da instituição. Juntas, as orquestras prepararam um repertório inteiramente dedicado à criação artística negra, com foco em compositores paraibanos que contribuíram para a afirmação cultural e identitária da região.

Entre as obras apresentadas, estão canções de domínio público interpretadas pela Mestra Ana do Coco e pelo Grupo de Coco Novo Quilombo, representantes das comunidades de Novo Ipiranga e Gurugi. O concerto também inclui a obra “Uivo da Bruxa”, dos jovens compositores Pedro Índio Negro e Ruhan Pacheco, com arranjo de Lucas Ferreira; uma trilogia de canções de Chico César, arranjada por Lucas Gaião; além de composições de Cátia de França e Paulo Ró, com arranjos do maestro Carlos dos Santos, responsável pela regência da apresentação.

Segundo a direção da OSUFPB, o concerto reforça o compromisso da orquestra com a celebração de datas do calendário cultural e com a participação ativa nas pautas sociais contemporâneas. A escolha do repertório, centrado na negritude, na paraibanidade e na força criativa das mulheres negras, busca reafirmar a luta contra o racismo, a misoginia, a xenofobia e outras formas de opressão.

Trajetórias e tradições que inspiram o concerto

Um dos homenageados do repertório, Paulo Ró, é um destacado compositor da cena cultural paraibana. Instrumentista, ativista cultural e pesquisador da música, integrou o grupo “Jaguaribe Carne de Estudos”, realizando projetos de arte, pesquisa e ação comunitária que influenciaram gerações de artistas. Sua obra inclui melodias tradicionais, ritmos primitivos, composições contemporâneas e experimentações sonoras, além de parcerias com poetas.

Outra figura central do concerto é Mestra Ana do Coco, quilombola da comunidade Ipiranga e herdeira da tradição de sua mãe, a Mestra Lenita. Artesã, escritora, atriz, arte-educadora e liderança comunitária, Ana é formada em Geografia pela UFPB e reconhecida como Patrimônio Vivo da Paraíba, com registro no Livro de Mestres das Artes (REMA).

O Grupo de Coco Novo Quilombo, que se apresenta ao lado da Mestra Ana, surgiu em 1984 com o objetivo de resgatar uma prática cultural centenária que havia desaparecido das comunidades locais. Hoje, com 23 integrantes, o grupo segue transmitindo ritmos, cantos e danças populares às novas gerações do Quilombo de Gurugi.

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Texto: Elidiane Poquiviqui, com informações do Lamusi
Imagem: OSUFPB/Divulgação